Rumo à abundância frugal

Arranque da AMEP / Moving Cause - Espaço Compasso, Novembro de 2014.

Arranque da AMEP / Moving Cause – Espaço Compasso, Novembro de 2014.

A acção desenrola-se à volta de uma mesa. Sobre a toalha florida estão dispostos frascos de paté e iogurte caseiro. Alguém por gentileza deixa ficar um saco de malaguetas sino-de-natal. Outro traz uma amostra de cogumelos pleurotus conservados em azeite. As marmitas já foram confeccionadas, mas ainda estão lá atrás, na Ecozinha, a ser embaladas pela mesma pessoa que tem espalhado pezinhos de alface e acelga pelo Espaço Compasso, como viveiro, petisco ou decoração.

Num final de tarde outonal, vão-se cruzando à volta da mesa as 15 pessoas que formam o grupo inicial da AMEP – Associação Pela Manutenção da Economia de Proximidade – uma rede pioneira de consumo e produção de bens alimentares que tem uma característica invulgar: os produtos que ali se vendem – e compram – são pagos numa moeda alternativa (e muito poucos euros).

No ciclo experimental da AMEP que arrancou no passado dia 26 de Novembro, 9 produtos foram colocados à disposição do grupo pela mão de 7 destemidas produtoras que responderam ao desafio lançado pela associação Moving Cause: vender as suas iguarias em troca da moeda ecosol.

Iogurtes bio, marmitas vegan, patés & molhos, marmelada, bolachas, kombucha, sabonetes e cremes artesanais – toda uma panóplia de belíssimos objectos comestíveis (ou esfregáveis) que ao longo de 4 semanas irão chegar aos braços (sem chegar aos bolsos) de quem participa nesta primeira experiência AMEP.

O espaço abre-se ao acaso de tudo o que pode surgir quando somos confrontados com a nossa própria inutilidade.

A AMEP é uma provocação ao tipo passivo. A AMEP deseja espalhar a semente do “prossumidor” – que não se confunda com aquele que sume! – e convida cada consumidor a ser um nó activo, produtivo e fértil desta rede de resiliência. A AMEP é a função performativa do alimento enquanto motor para a mobilização de uma utopia concreta. O desejo é tão só construir uma sociedade de abundância frugal¹. Começamos no nosso ninho, começamos no nosso prato, começamos a cuidar da terra – já estamos a lavrar os sonhos. Chegará o tempo das hortícolas carnudas.

O ciclo experimental da AMEP continua até ao dia 17 de Dezembro, todas as quartas-feiras das 18:30 às 19:30 no Espaço Compasso. E depois… continua!

Produtos disponíveis na segunda semana: iogurtes, marmelada, marmitas, patés, kombucha, cremes e sabões artesanais (na foto).  Embalados com tecidos coloridos de algodão, os sabões da Luísa Carvalho são feitos com azeite e óleo de coco e salpicados aleatoriamente de ervas, sementes, argilas e cheiros naturais. Preço: 1,5 ecos.

Produtos disponíveis na segunda semana: iogurtes, marmelada, marmitas, patés, kombucha, cremes e sabões artesanais (na foto). Embalados com tecidos coloridos de algodão, os sabões da Luísa Carvalho são feitos com azeite e óleo de coco e salpicados aleatoriamente de ervas, sementes, argilas e cheiros naturais. Preço: 1,5 ecos.

Resumo do 1º ciclo AMEP
26 de Novembro a 17 de Dezembro de 2014

10 consumidoras + 5 consumidores
7 produtoras
9 produtos
– iogurtes bio, marmitas vegan, patés & molhos, marmelada, bolachas, kombucha, sabonetes e cremes artesanais –
Volume de transacções:
167,9 ecos + 27 euros

¹"Abundância frugal: receita anticrise"
Entrevista com Serge Latouche no website do Instituto Humanitas UNISINOS.
[ssba]

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